terça-feira, 15 de junho de 2010

15/06 - Manobrista que bateu acidentalmente carro de cliente não pode ser responsabilizado pelo dano


Dando razão a um trabalhador, que exercia as funções de manobrista no estacionamento reclamado, a 2a Turma do TRT-MG, por sua maioria, considerou ilícito o desconto efetuado pelo empregador no salário do empregado, em razão dos danos causados ao veículo de um cliente. Embora o contrato de trabalho previsse expressamente a possibilidade de descontos, isso somente poderia ocorrer se houvesse culpa do empregado, o que não foi provado no processo.

Analisando o caso, o desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira destacou que o reclamante, ao fazer manobra no estacionamento, bateu o veículo do cliente em uma pilastra, amassando a lataria. No relatório de ocorrência, que foi assinado tanto pelo reclamado como pelo reclamante, consta a previsão de desconto do valor aproximado de R$2.000,00, no salário do trabalhador, dividido em vinte parcelas. Essa importância referia-se à franquia do seguro de guarda de veículos de terceiros, contratado pela empresa. E o valor do conserto ficou em R$4.465,00.

Conforme observou o relator, o contrato de trabalho previu a possibilidade de desconto salarial em caso de dano causado pelo empregado. Mas, para que esse ato tenha validade, o trabalhador tem que ter causado o prejuízo por culpa ou dolo, o que, no seu entender, não foi provado pelo reclamado. O magistrado lembrou que as funções de manobrista exigem intensa concentração, por serem executadas repetidamente, ao longo do dia de trabalho. No caso do processo, o reclamante estava mais sujeito a bater algum dos inúmeros carros que manobrava por dia, porque ele cumpria jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, além de prestar, habitualmente, horas extras.

De acordo com o disposto no artigo 2o, da CLT, os riscos da atividade econômica devem ser assumidos pelo empregador, não podendo ser transferidos para o empregado, a não ser em caso de negligência ou culpa grave do trabalhador, desde que provada essa situação. “Com efeito, não há nos autos notícia de que o autor tivesse se envolvido em qualquer outro incidente ao longo do ano em que laborou para a ré, não se podendo considerá-lo um desatento contumaz ou que tenha agido com acentuada negligência ao estacionar o carro do referido cliente. Inexistindo prova convincente da culpa do reclamante para ocorrência do prejuízo quanto ao automóvel do cliente, revela-se indevido o respectivo desconto salarial tendente a ressarcir o empregador” - concluiu o relator, determinando que o reclamado devolva o valor descontado do reclamante.

( RO nº 00102-2009-110-03-00-0 )

Fonte: TRT3

Um comentário:

  1. ESTOU COM UM PROBLEMA SEMELHANTE, MEU ESPOSO MANOBRISTA D EUMA EMPRESA, BATEU O CARRO D EUM CLIENTE ACIDENTALMENTE,A EMPRESA DEIXOU QUE O PROPRIETARIO DO CARRO ACIONA-SE A SEGURADORA, SENDO ESTA DE 7.000,00,A FRANQUIA PASSANDO TODA DIVIDA PRO MEU ESPOSO(MANOBRISTA) ELA ESTA DESEPERADO, POIS SEU SALARIO JA É TÃO BAIXO, E VAI TER QUE TRABALHAR QTO TEMPO DE GRAÇA PRA PAGAR ESTE ACIDENTE QUE COM CERTEZA,NAO FOI POR FALTA DE RESPONSABILIDADE, E AINDA TRABALHANDO 12 HORA SPOR DIA. ALGUEM POR GENTILEZA PODERIA ME ESCLARECER ESTAS DUVIDAS??/ OBRIGADA
    sonia.fernandes45@hotmail.com

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